Postagem tardia, mas importante manter o registro de uma das viagens mais fodas que já fiz! Parti de Belgrado e cheguei na terra prometida em fim. Como cresci assistindo o anime Saint Seiya e interessado em mitologia, estar em Atenas foi fantástico. Me hospedei em um hostel próximo e com vista para a famosa Acrópole. Como mania tradicional já parti pra explorar os arredores com meu mapinha da cidade. Me chamou muito a atenção de que em menos de 30 minutos três gregos foram super solícitos para prestar informações sem eu procurar por isso. Acho que eu tinha cara de perdido, mas também o pessoal tem hospitalidade fantástica ali.
Na primeira tarde/noite não foi possível fazer tanta coisa. Após explorar feiras, lojas e como entrar na Acrópole, já experimentei a Moussaka com um vinho, prato típico e bem gostoso! Conheci um casal de brasileiros hospedados no mesmo quarto, o que facilitou a guarda da minha bagagem, pois parti para Santorini logo na madrugada para o voo às 07 horas da manhã. Considerando que ficaria apenas um dia na ilha e que o custo para guarda da bagagem era muito alto, combinei com ele de deixar a mala grande no quarto e voltar no dia seguinte, mas obviamente levei todos pertences de valor na mochila pela empresa low coast - Ryanair.
Em Santorini, o primeiro dia foi mágico! Após chegar no pequeno aeroporto, peguei um ônibus pra capital da ilha - Fira. Fiquei hospedado em um hotel excelente, com vista para o mar. Estranhei um pouco a falta de hospitalidade local se for comparar com Atenas, mas nada que prejudicasse o andamento da viagem. Fiz o passeio pela capital que tem muitas lojinhas e tals, pegando em seguida ônibus para a praia de Perissa. Praia com areia preta, uma montanha enorrrrme e água absurdamente gelada pra época. Talvez pela época do ano, estava praticamente abandona. O que me chamou atenção foi um grego que reconheceu a camisa do Cruzeiro que eu vestia.
Retornei à capital para seguir meu caminho para Óia, a famosa cidade em que as pessoas tiram as fotos clichês e curtem o pôr do sol. De fato, maravilhoso!!! Encantado com essa parte e caminhar pelas casinhas e corredores até achar o ponto ideal para apreciar.
Considerando que o sol se põe muito cedo e o horário do último ônibus, tive que sair correndo loucamente pra não perder o horário. Assim que retornei à capital, fiz passeio durante a noite pra também me alimentar bem e retornar ao hotel, já que ao próximo amanhecer eu voltaria pra Atenas. Ai que a coisa mudou completamente. Por volta das 23 horas passei pela recepção do hotel e perguntei se era tranquilo de fazer o check-out 06 horas da manhã. O cara dizia que não teria voo no dia seguinte por conta de "strike". Eu não sabia o que isso significava e perguntei por diversas vezes até entender que era uma greve no aeroporto - desesperei. Procurei no meu e-mail e realmente dizia sobre o cancelamento de todos os voos e remarcação para o dia seguinte. Não conseguia a opção de remarcar, apenas de reembolso e ai o desespero aumento absurdamente, pesquisei até custo de navio. Na ausência de alternativa, me restou ir ao aeroporto no horário do voo, mas também não tinha ônibus, ai fui obrigado a pagar 15 euros num táxi. Chegando lá, parece que muitas pessoas sequer sabiam do cancelamento. Havia um guichê para remarcações e assim consegui para o dia seguinte em horário semelhante. Solicitei para a atendente um hotel, já que não era erro meu, tendo ela me passado um número de telefone para que às 13 horas eu ligasse para ser direcionado ao hotel escolhido pela RyanAir. Peguei táxi novamente e voltei ao hotel para tirar um cochilo ainda pela manhã.
Saindo do hotel, procurei um cartão de telefone público por quase toda a capital, tendo enorme dificuldade em conseguir um e obrigado a pagar 4 euros. Liguei diversas vezes para o tal número e ninguém atendeu. O que eu poderia fazer já que não tinha mais dinheiro suficiente para pagar novamente um hotel? Tentei pegar um quadriciclo para ir até o aeroporto, mas estava tão nervoso que sequer consegui conduzi-lo. Não tive escolha a não ser ir a pé com uma caminhada de 1h30m até o aeroporto. Chegando lá, adivinha? Não tinha uma alma, tudo apagado, trancado, sem segurança nem ninguém para prestar informação. Por conta da greve, eu não poderia utilizar ônibus pra voltar à capital. Novamente, outra caminhada de 1h30m de subida para retornar já anoitecendo. Tinha dois problemas: falta de grana pro hotel local, hostel em Atenas reservado, minha bagagem no hostel com os brasileiros que falei lá atrás. Pedi pra ligar em Atenas e falar com os brasileiros, não deixaram (esqueci de pegar o whatsapp antes), mas consegui deixar a reserva do hostel apenas pro dia seguinte. Pedi pra usar o wi-fi da recepção do hotel pra fazer contato com a cia. aérea no twitter, chat online e e-mail. Depois de insistir, não sabiam informar de hotel para os passageiros, não deram opção pra isso. Falaram que eu poderia pagar um hotel e tentar reembolso depois, mas não era garantido. Eu dizia A QUESTÃO É QUE NÃO TENHO DINHEIRO PRA PAGAR. Como resposta? Estou comovido com sua situação, mas nada posso fazer. Falei com meu irmão pra depositar grana no meu cartão pré-pago pra salvar o final da viagem, tinha algo ainda reservado pra Atenas, óbvio. Única que eu pensava era, tipo, fudeu! Saí pelo centro no sonho de encontrar algo pra comer super barato e descolei um macarrão por 4 euros. Retornei ao aeroporto a pé, após 21 horas e na estrada escura. Sem lugar pra dormir, era minha única opção dormir no deserto. Fiz a toalha de cobertor, usei a tomada da porta do aeroporto para assistir uma série, descolei um lugar camuflado pra dormir e cochilei o que pude. Às 06 horas da manhã começava a chegar o pessoal para o voo, este adiado por duas vezes, saindo apenas após 09 horas.
Em Atenas, assim que cheguei ao hostel descobri que os brasileiros haviam ido embora, o que me deu uma leve preocupação da minha mala, mas gentilmente eles deixaram no quarto de bagagens. Pedi o cel deles, mas não quiseram me passar. Queria tanto ter agradecido! Enfim, iniciei a nova saga, conhecendo o museu em frente a acrópole, espetacular e barato - MITOLOGIA! Em seguida fui pra Acrópole, conseguindo pagar meia entrada com carteirinha do Brasil, olha só! É difícil descrever a sensação de estar ali, que já começa ao subir as escadas - MÁGICO. Com ingresso barato que dava acesso a diversos lugares (Acrópole, Ágora, Templo de Zeus, Teatro de Dionísio, Museu) respirar a história, estar em frente aos Templos de Deuses que cresci acompanhando desde o anime Saint Seiya, até meus tempos de RPG no orkut.
Atenas merece a postagem de muitas fotos, essa primeira demonstra que dá pra ver toda a cidade lá de cima! Templos dedicados à Athena, Poseidon, Artemis. Alguns templos passaram por restaurações ao longo dos séculos (por conta de guerras, invasões tipo dos Persas) e alguns ainda passam por reformas, como por exemplo o Parthenon, a mais importante construção da Acrópole. O Parthenon possui estruturas colossais, tendo sido construído em meados de 400 A.C, em homenagem à Deusa Athena. No passado, tinha uma estátua em sua homenagem, infelizmente destruída.
A árvore oliveira situada atrás do Templo Erechtheion, possui valor simbólico e história importante. Segundo a história, houve uma guerra entre Poseidon e Athena, tendo esta oferecido um ramo de oliveira considerado como ato que deu origem também ao nome da cidade. Detalhe da foto, tive dificuldade com as pessoas pra tirar as fotos, o povo não sabe fazer bons registros.
Na sequência, é preciso postar a foto do Templo de Athena Nike, restaurado, mas sem acesso tão próximo, pois é isolado após a entrada pelos portões da Acrópole.
Já abaixo da Acrópole, caminhando pelas trilhas de mata de Ágora, se encontra o Templo de Hefestos, isolado do restante. Se não me engano, também construído 400 anos a.c, e chegou a ser utilizado como igreja já vários séculos depois. Em relação aos demais, possui estrutura menos danificada.
Abaixo da Acrópole também fica localizado o Teatro de Dionísio. Na outra entrada da Acrópole também há um Teatro criado pelos romanos, imitando o grego.
Templo de Zeus, construído cerca de 5 séculos a.c,, dentre os que visitei é o que possui as colunas mais colossais, enormes a perder de vista. isolado do restante das construções, inclusive da Acrópole, mais centralizado na cidade com avenida passando ao lado, por exemplo. Se não me engano, concluído pelo Imperador Adriano posteriormente. Infelizmente, destruído em boa parte. Pela foto, é possível ver a Acrópole bemmm lá ao fundo. Tinha algo interessante antes da área do templo, no Arco de Adriano. Antigamente havia escrita de: Essa é Atenas a antiga cidade de Theseus. De outro: Essa é a cidade de Adriano e não de Theseus.
Último dia. Caminhei pela cidade observando que também existem diversas construções colossais, como biblioteca, centro de estudos, cenários políticos e até o palácio do governo. Voltando à história, após o Templo de Zeus está o famoso estádio Panathenaico, local dos primeiros jogos olímpicos, em 1896. É curioso estar ali e imaginar as competições, bem como o público. Ele possui visita interna sendo possível caminhar pelo túnel até um salão onde se encontram todas as tochas olímpicas e os cartazes dos jogos. Talvez minha foto mais bonita ou marcante foi no pódio do local.
Por fim, tinha marcado de pegar estrada por 70km até ir ao Templo de Poseidon no Cabo Sunion, onde diziam que havia um lindo por do sol. Sai no horário indicado pelo pessoal do hostel, mas quando cheguei ao local às 14h30m, disseram que o horário estava errado e o ônibus sairia apenas 15h30m, inviabilizando ir e voltar, tendo em vista que o sol estava se pondo por volta de 16h30m, 17hs, infelizmente. Continuei a caminhar pela cidade até à noite, comendo o último prato típico possível, me restava apenas os 5 euros para pegar o ônibus de volta ao aeroporto na manhã seguinte. O dinheiro que pedi para meu irmão depositar? Não caiu na conta, eu não tinha mais nada e sequer pude comprar presentes para trazer aos familiares e amigos.
A volta foi complexa e cansativa. Hoje vejo que poderia ter feito rotas diferentes, ao invés de ir e voltar pelas cidades que passei, acreditando ser mais barata a compra das passagens. Sendo assim, sai para a Belgrado, de lá parti para Istambul, permanecendo a noite toda no aeroporto, partindo depois para Madri. Minha alimentação? Bem aproveitada de todos os voos que fiz!! Em Madri, sem o dinheiro do meu irmão, não pude sair do aeroporto, mas ao menos consegui comprar um combo do McDonalds e estourar meu cartão de crédito de vez. Esperei no aeroporto por mais de 10 horas até finalmente pegar o voo de volta para São Paulo.
Como meu irmão me disse na primeira viagem internacional que fiz anos atrás, para viagens de mochileiro, sozinho, explorando, é natural que problemas aconteçam, basta aprender a lidar com eles e tirar proveito das situações, olhando pelo lado positivo. Essa viagem foi sensacional, vivenciei muita coisa, conheci muita gente, aprendi muita coisa, tive que me virar em diversas situações, o que torna tudo experiência e histórias pra contar. Quase um ano se passou desde a realização dessa viagem. Não vejo a hora da próxima oportunidade de fazer algo assim, espero que não demore muito!!