domingo, 20 de fevereiro de 2011

Diário de um motociclista - Parte IV, Final.



No último dia, acordei e aprontei minhas coisas pra partir. Fui até o bar e propus uma troca com o dono: Ficar sem o café da manhã pra compensar a grana que eu não tinha pra coca-cola. Naturalmente ele não aceitou e quase me obrigou a tomar café. Aceitei a oferta e sai de lá por volta de 09:30hs, seguindo por outra estrada de terra que teoricamente teria como destino final o município de Corinto. Prossegui por alguns quilômetros, cerca de 10 ou 15, e cheguei a uma espécie de distrito que parecia possuir apenas duas ruas. Parei e perguntei a uns caras pra onde eu deveria ir, já que não havia indicação. Um deles, gentilmente veio me explicar que havia duas opções e eu logo pedi a mais rápida e tranquila. Sendo assim, segui todas as orientações do camarada, pegando a estrada da direita e sempre que estivesse diante de uma bifurcação, entrando à direita, até que eu me encontrei dentro de uma fazenda. /WTF
Isso foi foda, pq eu peguei cada trecho sem noção e em uma subida mega cabulosa eu acabei derrapando com a moto e quase cai novamente. Fiz tanta força com a perna que minha queimadura passou a doer loucamente debaixo da calça jeans.

Retornei um pouco e peguei à esquerda, andando mais alguns bons quilômetros e logo me deparei com um rapaz numa moto conversando com duas senhoras. Ele me disse que eu estava retornando para Conselheiro Mata, ou seja, sentido oposto. COMO? T_T
Felizmente esse rapaz voltou comigo até o bendito distrito e me indicou o caminho correto da estrada que eu seguiria por 12km até Monjolos, entrando sempre à esquerda. Passei por Monjolos e segui mais uns 15km até Santo Hipólito e de lá finalmente peguei asfalto até Corinto e por lá almocei. Ai segui sem mais problemas passando por Curvelo, chegando à 040 e descendo no meio do super movimento de caminhões. Para minha alegria, nas proximidades de Sete Lagoas caiu um pé d'água do nada e como vi que seria passageiro, me molhei mesmooooo, preferi não parar. Cara, cheguei em casa por volta das 17hs. Super cansativa a volta, devido aos trechos errados na estrada de terra.

De balanço geral nesses 860km rodados em 4 dias, eu só posso dizer que foi uma viagem super válida e proveitosa. É claro que passei por dificuldades na estrada de terra (pra não dizer o resto), até porque minha moto não é voltada para esse meio e eu não tenho experiência alguma nesse sentido, mas nada como uma boa aventura!! É na vivência que a gente aprende atalhos, caminhos, soluções e acaba tendo sempre uma melhor percepção de tudo. Estar de mochilão por ai é um sonho, de fato! De tão bom que é viajar assim, estar nas belas cachoeiras e lugares que nunca havia passado, a gente acaba sempre pensando além.

E quem sabe um dia eu vá buscar algo mais. Nada é impossível, basta ter vontade!




domingo, 13 de fevereiro de 2011

Diário de um motociclista - Parte III

Tentei levantar no mesmo horário do dia anterior, mas meu corpo não se moveu. Acabei tomando café às 8:20hs e parti para o Parque Estadual do Biribiri, protegido pelo IEF. A primeira cachoeira do Parque se encontrava a 6km da Entrada. Naturalmente a estrada era de terra, uma rotina nessa viagem. No quilômetro anterior à cachoeira havia outra entrada rumo a um mirante e tive que ir até lá primeiro. Lá permaneci por alguns minutos e fui pra cachoeira Sentinela que é pequena, mas é tranquila e bela (rimou, dã hehe). É um bom lugar de se ir e relaxar bastante. Houve uma situação engraçada com uns gringos lá, pois eu fui conversar e disseram que eram ingleses. Demorei tanto a processar a pergunta que queria fazer a eles que me enrolei e apenas despedi quando eles foram "explorar o ambiente". Sai de lá por volta das 11hs e retornei ao hotel pra fechar a diária e caçar rumo pra outro lugar. Como eu tinha que ir aos Correios, pedi um prazo maior pra fechar a diária. Aproveitei a brecha e fui conhecer melhor o centro histórico de Diamantina. Era cerca de 12:30hs e tava pronto pra sair do hotel, até pedindo informações para o rapaz q lá trabalhava, pois eu pensava em ir pra Milho Verde. Me foi dito que a cidade era ao lado de Serro, que eu havia passado no dia anterior, o que me desmotivou a ir pra lá pois teria que voltar bem o caminho e atrapalharia os planos. De qualquer forma, ele me aconselhou a ir para Conselheiro Mata, mostrou imagens de cachoeiras e falou mil maravilhas de lá. Portanto, sai de Diamantina por 8km de asfalto e mais 41km de estrada de terra até chegar em Conselheiro Mata. Por sorte, em boa parte do trecho dava para avançar em velocidade razoável, diferente de trechos já passados.

Cheguei em Conselheiro Mata e não era pra ser surpresa. Uma rua cortando o pequeno distrito, sem lojas, sem pessoas, sem asfaltamento. Havia apenas um bar ao final da rua e por lá parei e descobri que o dono era justamente a pessoa que o cara do hotel em Diamantina havia me dito pra procurar. Almocei por lá e conversei bastante com o Kussu, que me recebeu muito bem, diga-se de passagem. Descansei o corpo um pouco, pois estava "quebrado" de tanto andar com esse mochilão em estrada de terra. Parti pra cachoeira do telésforo, situada em uma fazenda à 18km de Conselheiro Mata. Segui as instruções e cheguei na fazenda, me identificando para o peão e adentrando às terras de seu patrão. Continuei por mais uns quilômetros na estrada da fazenda e tinha de tudo... buracos, trechos intransitáveis, cascalho, pedras e, nas proximidades da cachoeira, areia, MUITA AREIA.

Me vem aquele velho ditado: só existem dois tipos de motociclistas, os que já cairam e os que vão cair. Após dois anos de carteira... a minha primeira queda e justamente na areia, que não é nada favorável para motos. Estava em velocidade de 30km/h e havia tanta areia que parecia estar na praia. Perdi o equilíbrio facilmente (diferente dos meus outros quase capotes na viagem) e cai para a esquerda. Minha perna esquerda ficou presa na moto enquanto a direita foi parar justamente no cano de descarga, originando uma bela de uma queimadura e muita dor. Estava sozinho no meio do nada e bem distante da casa da fazenda. Me restou levantar a moto e resolver tudo sozinho. Decidi prosseguir pra cachoeira e, mais uma vez, a areia se tornava a vilã. Outra perda de equilíbrio, mas não cai junto com a moto, só a deixei tombar para a direita. Fui até a cachoeira o mais lento possível e lá vi o quanto maravilhosa ela realmente era. Parecia quase uma praia, de tanta areia na sua proximidade e tanta água ali. Deixei minhas coisas numa árvore e fui pra lá, sem roupa de banho de novo, já que estava completamente sozinho mesmo. Uma belezura de paisagem, cachoeira, água... tudo perfeito, com exceção do machucado. A água certamente me dava um super refresco pra intensa dor. Começou a chover e enquanto estava na água, muitos peixinhos circulavam minha perna querendo tirar casquinha da minha queimadura. Tava complicado e ai preferi voltar na chuva mesmo.

Cheguei novamente ao distrito e o dono do bar jogou muito detergente na minha queimadura, o que deixou a dor quase insuportável. Ardia muito, estava inchado, umas bolhas, enfim...
Como não pegava celular lá, tentei fazer ligações do telefone público (haviam 4 no distrito). Alguns cavalos estavam ali parados, havia uma travessia de gado também e os fazendeiros indo ao bar tomar uma. O dono do bar tinha uma casa que usava como "pousada" e fiquei por lá. Com receio da dor, pensei bastante se continuaria viajando ou retornaria e assim foi minha noite em claro, já que tinha que ter todo o cuidado com a perna. Pretendia ir na cachoeira ao lado do distrito na manhã seguinte, mas percebi que não tinha mais dinheiro algum (lá não tinha banco, óbvio) e ainda ia ficar devendo uma coca pro dono do bar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Diário de um motociclista - Parte II

O segundo dia começou bem cedo, acordei às 7 horas (sim, 7 HORAS DA MANHÃ) pra aproveitar bastante. Tomei café e logo peguei informações da cachoeira mais próxima - Três Barras, partindo por 13km de asfalto e mais dois terríveis quilômetros de estrada de terra/cascalho/areia e tudo de pior com os milhões de buracos e pedras. Nessa oportunidade, eu tive no "quase" em relação a cair da moto, ou melhor, com a moto por diversas vezes. Cheguei num ponto em que a água descia cortando a estrada, o que impedia passagem de carros a partir dali. Ousando, atravessei o trecho e segui com a moto até os limites de proximidade com a água. Fui tão adiante, que o lugar que parei estava acima da referida cachoeira. Entretanto, era adequado para entrar na água e relaxar, portanto permaneci por lá. Tirei muitas fotos e percebi que estava sozinho no mundo. Empolgado, fui nadar sem roupa de banho alguma por um bom tempo e ainda descansei tranquilamente até secar. Aproximando das 11hs, fui retornar pra Conceição do Mato Dentro e ao atravessar aquele trecho com água, parei a moto pra posicionar a câmera e tirar foto desse momento. Curiosamente a moto caiu (solo fofo) e a bateria da câmera descarregou, ou seja, frustração hehe

Voltei à cidade, almocei, fechei a diária e voltei correndo pra cachoeira - agora com o mochilão, não podia perder aquele momento, ir pro lugar correto da cachoeira e tirar foto da travessia (questão de honra). Tirei as fotos, fui ao lugar inicial por mais tempo, achei outra entrada que dava justamente no início da queda d'água e tirei mais fotos e depois descobri que a entrada para a cachoeira mesmo era antes da travessia d'água. Fiquei lá até 14:15hs e segui atravessando Conceição do Mato Dentro (de novo) pra ir pra Diamantina. Na saída, havia uma outra estrada pro Distrito de Tabuleiro há cerca de 20km de estrada de terra, onde havia cachoeira com a maior queda d'água (me disseram). Parei, pensei bastante, mas preferi seguir meu caminho pra Diamantina, pois seria longo.

Incríveis e intermináveis 60km de estrada de terra até Serro. O trecho que me levou há um super desgaste e me deixou (e também a moto) completamente empoeirado, sujo de terra. Após o trecho que se encerrava na cidade de Serro, prossegui por mais 87km de asfalto até chegar à Diamantina, às 18hs. Achei um hotel bom e barato (algo que temia, pela notoriedade da cidade). Tomei um super banho e andei sem rumo por um tempo pra conhecer, parei em praças, lanchei, busquei informações de locais pra ir no dia seguinte, postei no blog e voltei pro hotel. E na quinta, como terá sido? hehe

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Diário de um motociclista - Parte I

Desde que eu me aventurei a comprar uma moto e passei a ter prazer em utilizá-la, tive como sonho fazer uma longa viagem na famosa 125cc. Já cheguei a ir a Ouro Preto e Viçosa, mas sempre quis mais. Felizmente nesse período de férias eu estou realizando esse sonho.

Sair de mochilão por ai sem rumo, NÃO TEM PREÇO!

No dia 08/02 fui me aventurar! Era pra ter saído pela manhã, mas devido ao calor extremo e consequente dificuldade para dormir na noite anterior, decidi esticar um pouco mais o descanso e pegar estrada à tarde e assim o fiz. Parti rumo a Conceição do Mato Dentro por volta das 14:30/15hs. Já na garagem me veio a primeira dúvida: Amarrar o mochilão na moto ou botar nas costas mesmo? À princípio eu amarrei na moto, mas durante o percurso ainda em Belo Horizonte eu não senti firmeza e acabei desfazendo tudo, levando o gigante e pesado mochilão nas costas, o que certamente me levou a um maior desgaste, apesar de sentir segurança.

Sai pela Linha Verde, que oferece super tranquilidade para os condutores. Passei por Lagoa Santa, seguindo pela estrada da Serra do Cipó. Todo o trecho estava sem placas de identificação para o meu destino, mas segui adiante. Na Serra, ainda sem placas, prossegui por uma estrada que não parecia estrada (hein?) e era cheia de curvas em uma enorme (ênfase no enorme) subida. Maravilhado com a bela paisagem, parei por duas ou três vezes para fotos, apreciações devidas e oportunamente hidratar. Dei sequência ao trajeto e percebi que estava literalmente sozinho na estrada, sem veículos de lá ou de cá e fui tranquilo observando as belas vistas com o olho no combustível, já que ainda não havia placa identificando o destino e nem postos para abastecimento.

Após muito tempo uma placa era avistada: o destino estava a 35km. Mal cheguei à cidade e já pedi informação da Serra da Ferrugem e fui pra lá enquanto ainda era dia. A partir daí foi uma luta: 9km de estrada de chão, terra, areia, cascalho (teve de tudo). Nas proximidades do Mirante eu quase levei um mega capote por causa da areia. Foi tenso demais. Minha moto definitivamente não é apropriada em meios assim, mas não me deixou na mão. Cheguei ao Mirante da Serra e pude observar a bela visão de toda a cidade e arredores e naturalmente fui tirar mais fotos e descansar um pouco por ali enquanto me perdia em alguns pensamentos. Retornei antes de escurever e por incrível que pareça eu quase cai no mesmo lugar (um truque não funciona duas vezes?) e desci em torno de 20, 30km/h, por vezes até parando a moto, pois tentar desviar de algo pode ser fatal, já que a minha moto tende a deslizar e caso utilizar o freio traseiro em terra também não é uma boa. Cheguei vivo, achei hotel em conta, sair pra comer e dar uma volta, capotei hehe

Que venha o dia seguinte!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A amizade

Vi uma postagem de um amigo sobre "your best friend", o que me levou a relembrar fatos recentes e, por conseguinte, fazer uma espécie de desabafo neste momento. Sendo assim, gostaria de iniciar com parte da definição dele sobre melhor amigo e espero que ele não se importe com minha ousadia de fazer copiar o trecho sem sua permissão.

"Melhor amigo é aquela pessoa que te coloca em primeiro lugar sempre, e você faz o mesmo com ele sem nem pensar. Melhor amigo é aquele que não precisa ligar para aparecer, e não precisa nem que você esteja em casa para aparecer, porque a sua casa é a casa dele também. Melhor amigo é aquele que se sacrifica por você, e que você faz o mesmo por ele."

Por muitos e muitos anos eu considerei uma pessoa como melhor amigo. Achei interessante o trecho destacado acima, pois reflete bem o que nossa relação foi em diversas oportunidades. Mas a vida é feita de escolhas e ele decidiu escolher, apostar e priorizar outras coisas. Não gostaria que isso fosse visto como egoísmo de minha parte, longe de mim. Entretanto, há uma chateação quando a gente para pra pensar da importância que a pessoa teve na nossa vida e a importância que a gente tinha na vida dessa pessoa. Eu realmente poderia dizer que éramos como irmãos.

E por muito tempo eu suportei ou ignorei algumas mentiras, pois acreditei que era algo confidencial e que ele queria manter apenas pra si. Observei que as atitudes, a quase mudança de personalidade, a perda de essência pelo - talvez - convívio com a namorada, que ao meu modo de ver, estava prejudicando-o e muito. Apesar de meus alertas, ele fez sua escolha e eu fiz a minha, o que nos levou para caminhos distintos.

Independente da triste história recente, eu fiz questão de convidar e gostaria muito que ele estivesse presente no momento provavelmente mais marcante dos meus últimos cinco anos: Colação de Grau. Contudo, uma reunião de condomínio se tornou mais importante pra ele. Não me interessa o tipo de reunião e muito menos os motivos obscuros da reunião, motivos pelos quais foram "confidenciais", pois a parte de melhor amigo comigo já está desaparecendo ao longo dos últimos dois anos, eu acho. A questão é que pra mim... não justifica. Como teoricamente o melhor amigo, era até meio que obrigação estar presente, no meu ponto de vista. Se fosse eu, faria isso, pelo menos.

Mas ao baile ele foi e, apesar de respeitar o meu ponto de vista (no caso, o da minha mãe, já que eu não me manifestei por completo), não concordou. Não fui procurado depois do baile e isso já faz uma semana. Nem sei se haverá procura. De qualquer forma, eu consigo enxergar que essa parte de melhor amigo não existe mais. E se torna mais um... no meio da multidão.





terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Formando, eu?!



Quatro anos de muita luta se passaram desde que me arrisquei loucamente a prestar vestibular para uma faculdade particular. No período anterior a essa feliz escolha de vida, muitos problemas pessoais me indicavam um futuro taciturno ao qual eu já perdia as perspectivas da vida adulta e me sentia cada vez mais pressionado para me igualar ao meu irmão e demais pessoas inteligentes que eu considerava e que naturalmente tinham seu lugar garantida na Universidade Federal.

Oh, quanta tolice! Hoje eu vejo que não precisava levar em conta tamanho desmerecimento e automaticamente me sentir frustrado por não ter tido forças para estudar e entrar na "Federal", apesar de certamente ter a capacidade para tal ato. À época, minha decisão não foi tão recebida por todos e confesso que eu mesmo tinha certo preconceito em relação ao Centro Universitário do qual permaneci por quatro anos. Contudo, as coisas acabaram dando muito certo e me identifiquei com a faculdade, com o curso, bem como estilo de vida que me propus a arriscar.

E esse risco foi fundamental para que eu pudesse me manter bem, ter o meu cotidiano preenchido, batalhar por algo que diz respeito a mim e mais ninguém. De fato, esse período contribuiu e muito para meu crescimento. O Emerson que entrou na faculdade em 2007 não é o mesmo que encerrou o ano de 2010 e isso não só em questão de aprendizado, mas como pessoa.

Nessa época de solenidades e festas para o novo biólogo, me vem um sentimento pleno de realização pessoal. Como é bom ter essa sensação maravilhosa e estar com esbanjando felicidade. Sem falar do mega alívio que vem, após ter passado um final de curso extremamente puxado, do qual me exigiu superar todos os meus limites, o que eu mesmo pensaria que conseguiria. Como é bom voltar a ter uma boa noite de sono, voltar a comer normalmente, relaxar um pouco mais e sorrir, pois eu FORMEI, PORRA!!

É sabido que o próximo passo pode exigir muito mais, mas por enquanto é o momento de festejar, curtir e viajar bastante \o/